domingo, 15 de abril de 2018

MEDITAÇÃO DIÁRIA Dom, 15 - Domingo III da Páscoa - Ano B

At 3, 13-15.17-19 / Slm 4, 2.4.7.9 / 1 Jo 2, 1-5a / Lc 24, 35-48

O Evangelho que rezamos neste domingo apresenta-nos uma viagem de dois discípulos que regressam, desiludidos, a casa, a Emaús, depois da morte de Jesus. Estamos quase na conclusão do Evangelho segundo S. Lucas. Este começa, logo na primeira página, por nos dizer para quem é escrito e para que é escrito. Diz assim S. Lucas: resolvi, caríssimo Teófilo, expor a ti por escrito e por ordem «os factos que entre nós se consumaram (...) a fim de reconheceres a solidez da doutrina em que foste instruído».

Várias coisas importantes podemos compreender a partir desta introdução: primeiro, este Evangelho é escrito para «ti, caro Teófilo»: este nome, em grego, significa «amigo de Deus», portanto, este Evangelho é escrito para ti, caro amigo de Deus. Em segundo lugar, sabemos que foi escrito para que tu, amigo de Deus, reconheças que aquilo que aprendeste, que a instrução que te deram acerca dos factos sobre Jesus Cristo é sólida e é verdadeira.

Esta passagem que hoje rezamos, um resumo de todo o Evangelho, mostra-nos como podemos reconhecer Jesus Cristo na nossa vida a partir da instrução que os outros nos dão. Um exemplo: imaginemos uma criança que tenha crescido afastada de sua mãe. Um dia, alguém lhe diz: «esta é a tua mãe». Essa criança é “instruída” acerca de quem é aquela mulher que vê diante de si, mas ainda não a reconhece como mãe. Aos poucos, pelo modo como ela se comporta, pelo amor que demonstra, a criança reconhece naquela mulher a sua mãe. É só na relação com a mãe que a criança a pode reconhecer.

Os Evangelhos contam-nos muitas coisas acerca de Jesus, muitos milagres e tantos encontros. Todos estes milagres são para nós sinais de uma outra coisa. Jesus chega mesmo a restituir a vida a mortos, como fez com a filha de Jairo, por exemplo, mas sabemos, no entanto, que todos aqueles a quem Jesus fez um milagre voltarão a morrer. São sempre milagres “provisórios” e são sempre sinal do verdadeiro milagre que é o que acontece a estes dois discípulos que vão para Emaús.

Estão tristes, desiludidos, de costas voltadas para Jerusalém. Sentem que tudo não passou de um sonho, mas através das palavras de Jesus, que lhes mostra o significado das Escrituras, compreendem que era necessário que o Messias passasse por tudo o que teve de passar. Escutando as palavras de Jesus, começa a arder-lhes o coração, começa tudo a fazer sentido no coração. A Palavra muda a vida! Quando se deixam tocar pelas palavras de Jesus, quando finalmente O reconhecem no partir do pão, regressam imediatamente a Jerusalém. E é este o verdadeiro milagre! Perceber o sentido da vida, perceber que nada nesta vida nos pode afastar do Amor de Deus.

Para estes discípulos, e para nós tal como para eles, é a experiência do encontro com o Senhor que os faz passar da morte à vida. É o encontro com a Palavra que nos faz passar de uma vida para a morte, preocupados com as nossas coisinhas, como se esta vida fosse a única realidade que importa, de uma vida triste, desolada, escura, à vida verdadeira da alegria e da luz da comunhão com os outros.

Os dois discípulos que caminhavam para Emaús até sabiam muitas coisas: eles conheciam Jesus! Mas não tinham compreendido nada. Sabiam coisas, mas ainda não tinham experimentado a presença do Senhor vivo e presente na vida deles. A fé é o encontro com o Senhor ressuscitado, é experimentar que Jesus está vivo e operante na nossa vida.

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