domingo, 29 de abril de 2018

MEDITAÇÃO DIÁRIA Dom, 29 - Domingo V da Páscoa - Ano B

At 9, 26-31 / Slm 21 (22), 26b-28.30-32 / 1 Jo 3, 18-24 / Jo 15, 1-8

A imagem da vinha é conhecida já no Antigo Testamento: o Senhor é o Agricultor que planta a vinha para o seu povo, mas aquilo que Jesus nos diz no Evangelho deste domingo é um pouco diferente: «Eu sou a verdadeira vide e meu Pai é o agricultor». É o próprio filho de Deus que é a videira e nós os seus ramos.

É interessante que já em Ezequiel se fala da videira, mas sublinhando a inutilidade da sua madeira. Isto é: os ramos cortados da videira são inúteis, a sua madeira só serve para ser queimada. Nem sequer as cinzas servem para alguma coisa. Isto significa que o verdadeiro e único sentido para a videira é o seu fruto, as uvas. Não serve mesmo para mais nada.

«Porventura podem colher-se uvas dos espinheiros ou figos dos abrolhos?», diz o Senhor. Se queremos uvas, então precisamos das videiras. Ora, Cristo é a vide e nós os ramos, portanto, o fruto que se espera de nós é aquele que a «vide» produz. Somos ramos de uma vide muito particular que dá frutos muito particulares. Se somos realmente ramos ligados à vide, então a linfa que nos atravessa é a vida de Jesus Cristo, isto é, o Amor.

A vida de Deus é o amor, o dom de Si aos outros. É a única coisa que Ele sabe fazer: amar. A única coisa que serve para realizar em nós aquilo que somos: amar. É este o único sentido da nossa vida: deixarmo-nos atravessar pelo Amor de Deus, tal como os ramos da videira são atravessados pela linfa, até vermos o fruto na nossa vida. De outro modo, o Homem não serve para nada e, tal como os ramos são deitados fora, também nós deitamos fora a nossa vida. Podemos até comer, beber e dormir, mas estamos só a sobreviver e não a viver realmente.

«Quem não serve para servir, não serve para nada», sublinha o Papa Francisco. A única coisa para que servimos é para Amar. Quem não ama está desligado do tronco que é Cristo e não pode dar os frutos que poderia dar ligado a Ele. Cada um de nós tem sentido só se agarrado a Cristo. Só n’Ele nos tornamos divino-humanos, que é o mesmo que dizer que somos de Cristo.

O texto fala ainda de duas “podas”: a primeira, é o Senhor que corta tudo aquilo que dentro de nós não dá fruto. Mas é Ele quem corta, é Ele o podador que, na medida em que nos abrimos à sua presença, vai cortando aquilo que em nós é impedimento para que dêmos fruto. Mas há uma segunda poda: «Ele limpa todo aquele que dá fruto, para que dê ainda mais fruto». Qual é o fruto da videira? As uvas, poderíamos responder, mas estas realizam-se no vinho. O objetivo do agricultor é ter bom vinho! Por isso, há uma segunda limpeza que pode até sacrificar alguns ramos que até dariam uvas, mas com o objetivo de dar bom vinho: sacrificar alguns ramos que dariam mais uvas, para que aqueles que dão uvas sejam melhores.

Ao longo da vida, vamos sendo surpreendidos com momentos de dor e de sofrimento. Estes podem ser momentos em que nos deixamos purificar pelo Senhor, para que o fruto da nossa vida seja cada vez mais o amor, para que a nossa vida seja cada vez mais acolher a vida que vem de Cristo, a vida que é o Espírito Santo e que nos faz dar frutos de Amor.

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