domingo, 1 de abril de 2018

MEDITAÇÃO DIÁRIA Dom, 1 – Páscoa da Ressurreição do Senhor (Solenidade) – Ano B

At 10, 34a.37-43 / Slm 117 (118), 1-2.16ab-17.22-23 / Col 3, 1-4 ou 1 Cor 5, 6b-8 / Jo 20, 1-9

S. Gregório de Nissa, um Padre da Igreja do século IV, diz numa homilia de Domingo de Páscoa: «Ontem, nascíamos simples filhos dos homens; hoje, nascemos filhos de Deus. Ontem, éramos os rejeitados dos céus sobre a terra; hoje, Aquele que reina nos céus faz de nós cidadãos do Céu. Ontem, a morte reinava por causa do pecado; hoje, graças à Vida, é a justiça quem toma o poder.

Um único homem abriu-nos outrora as portas da morte; hoje, um único homem traz-nos de novo à vida. Ontem, perdemos a vida por causa da morte; mas hoje a Vida destruiu a morte. Ontem, a vergonha fazia-nos esconder debaixo da figueira; hoje, a glória atrai-nos para a árvore de vida. Ontem, a desobediência tinha-nos expulsado do Paraíso; hoje, a nossa fé faz-nos entrar nele. De novo nos é oferecido o fruto da vida para que o saboreemos tanto quanto quisermos. De novo a nascente do Paraíso, cuja água nos irriga pelos quatro rios dos Evangelhos (cf. Gn 2, 10), vem refrescar todo o rosto da Igreja...». Esta é a certeza que nos habita! O Senhor está vivo e nós estamos vivos n’Ele. Para sempre!

No Evangelho deste Grande Domingo da nossa salvação, vemos como o «outro discípulo» entra no túmulo e «viu e acreditou». Entrando, apercebe-se que o corpo não está ali e que os panos de linho que o envolviam estavam no sítio onde Ele tinha sido deposto. Viu os sinais da ausência do Corpo e acreditou. O discípulo amado viu e acreditou que Jesus, o Senhor da Vida, está vivo. Ele é para nós a imagem daqueles que acreditam sem terem visto. É o exemplo daqueles que acreditam pelos sinais da presença do Senhor. Este discípulo, o outro discípulo, vê com o coração. É o Amor o princípio da fé, é o Amor a chave que nos permite reconhecer a Verdade, é o Amor o princípio da vida. A Fé não é cega, o Amor não é cego: longe disso! Amar é ter os olhos verdadeiramente abertos para a realidade que conta.

É curioso: o túmulo está vazio e eles sabem que o corpo não foi roubado, mas não é isto que mostra que o Senhor está vivo. Para o discípulo que o Senhor ama é o amor que “vê” os sinais e “acredita” em Jesus ressuscitado, mesmo sem O ter visto. Não é porque o túmulo está vazio que os discípulos acreditam, mas porque experimentam a presença viva de Jesus no meio deles. É a constatação de que o Senhor está vivo, e não a ausência do Corpo, que leva os discípulos à certeza da fé de que Jesus ressuscitou.

Nós acreditamos que o Senhor está vivo não porque nos disseram que o túmulo estava vazio, mas pelos frutos que vemos acontecer na vida daqueles que acreditaram. Não é porque o corpo desapareceu que Jesus está necessariamente vivo e no meio de nós, mas é pelo testemunho daqueles que O viram que a fé em nós permite que vivamos na certeza que vem da fé de que o Senhor está vivo. Para quem não tem fé, o sepulcro vazio será sempre um enigma ou um embuste, porque lhes falta a capacidade de ver para além daquilo que os olhos veem. Só o Amor nos permite reconhecer a verdade. Só o Amor nos permite ver a nossa própria verdade e, reconhecendo o Senhor vivo no meio de nós, reconheceremos que hoje somos filhos de Deus, hoje somos cidadãos do Céu, hoje um único Homem traz-nos definitivamente à vida nova, a vida do Espírito, a vida do Amor.

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