domingo, 14 de outubro de 2018

MEDITAÇÃO DIÁRIA Dom, 14 – Domingo XXVIII do Tempo Comum – Ano B

O Evangelho deste domingo está em continuação com a passagem que rezámos no domingo passado. Coloca-se então a questão fundamental: afinal, quem é que se pode salvar? A resposta é lapidar e inequívoca: ninguém! Ninguém se pode salvar! Não é possível, só pelas nossas forças e só com os nossos méritos, entrar no reino dos Céus! Ninguém pode sozinho, isto é, pelas suas forças, entrar no reino dos Céus. É impossível.

Ora isto não é uma tragédia, mas é antes a Boa Notícia: aquilo que para nós é impossível, é possível para Deus. Ainda mais: Ele, o único que nos pode salvar, já o fez, já morreu por nós na Cruz, abrindo assim para nós as portas do Céu.

É curioso que no Evangelho vemos que este homem rico é uma pessoa religiosa, é um homem observante e devoto. Porque coloca ele esta questão ao Senhor? Ele já cumpre tudo, mas está à procura de saber o que deve fazer para alcançar a vida eterna. Jesus, muito simplesmente, cita-lhe a segunda parte dos mandamentos da lei de Deus. Na verdade, tudo aquilo que queremos fazer por Deus e para Deus passa por tudo aquilo que fazemos pelos outros e para os outros. Às vezes, parece que queremos amar a Deus apesar dos nossos irmãos, mas a fé passa sempre pelos outros, pelo modo como nos relacionamos, pela caridade que nos une. É esta que torna visível e eficaz a nossa fé. É no amor pelos irmãos que se manifesta o amor a Deus.

Este homem rico está preocupado com aquilo que deve fazer, mas ele já cumpre tudo! Vive segundo a lei e exprime uma mentalidade claramente religiosa, mas isolada: «Eu, o que devo fazer?». A mentalidade meramente «religiosa», desligada de uma relação com o Pai, com o Filho e com o Espírito Santo, visível no modo como nos relacionamos com os nossos irmãos, leva-nos a querer fazer coisas para «conquistar» o Céu. Mas o Céu ninguém o conquista! É impossível, diz-nos Jesus Cristo. Ele mostra-nos o Caminho que é Ele próprio. A salvação, o Reino não é tanto uma questão de fazer ou deixar de fazer, mas de vida. De que coisa depende a minha vida? De quem depende a minha vida? A quem pertenço? A minha vida depende das minhas forças? Daquilo que posso ou não posso fazer? Depende da minha vontade ou é realmente um dom de Deus que acolho?

Se olho para a vida como sendo um dom, então compreende-se muito bem este texto. Tudo aquilo que nos amarra só às nossas forças ou à nossa vontade e nos faz esquecer que a vida é um dom, uma graça, são riquezas que nos impedem de receber, de acolher o reino dos Céus.

Quem anda à procura de se salvar a si mesmo, perder-se-á. Quem se quer salvar a si mesmo e se esquece que é de Cristo e que Cristo é a cabeça de um corpo ao qual todos pertencemos, perder-se-á.

A passagem deste domingo quer conduzir-nos à conclusão de que, mesmo que tenhamos pouco dinheiro e sejamos economicamente pobres, podemos ser ricos do pouco que temos; falta-nos a pobreza das crianças, a pobreza dos pequeninos que sabem que nada lhes é devido, mas que tudo é dom. Somos demasiado grandes para entrar no reino dos Céus, somos todos camelos que tentam passar pelo buraco da agulha quando queremos, pelas nossas obras, conquistar a nossa entrada no reino dos Céus. Jesus é o Senhor, a quem somos chamados a amar de todo o coração. O reino de Deus é precisamente isso: amá-Lo a Ele que Se faz nosso irmão para que O possamos encontrar como um de nós, para que O possamos beijar nos nossos irmãos. Ele fez-Se o último de todos para que, amando o mais pobre dos mais pobres, o amemos a Ele e, amando-O a Ele, amemos, necessariamente, cada um dos nossos irmãos.

Amar a Deus vê-se na felicidade com que amamos os nossos irmãos. O Amor a Deus vê-se nas nossas relações. 

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