terça-feira, 2 de outubro de 2018

Sínodo: Jovens afastam-se da Igreja Católica, mas procuram o sentido da vida, a justiça e o bem

O presidente da Comissão Episcopal do Laicado e da Família vai participar no Sínodo dos Bispos e adianta resultados do inquérito preparatório feito aos jovens portugueses, onde 57% afirmam «professar uma religião»

Há um distanciamento dos jovens portugueses em relação à Igreja, mas este abandono não implica uma desistência sobre o sentido da vida ou de Deus, afirma D. Joaquim Mendes, presidente da Comissão Episcopal do Laicado e da Família.“Há alguma defeção dos jovens em relação à Igreja católica como há em relação a muitas instituições mas não em relação à fé, não em relação à busca de Deus, não em relação ao sentido para a vida, à justiça e ao bem”, afirma à Agência ECCLESIA um dos dois bispos de Portugal que vão participar no Sínodo dedicado ao tema «Os jovens, a fé e o discernimento vocacional».
Esta conclusão, extraída do resultado do inquérito dirigido aos jovens portugueses, como preparação para a reunião magna, pede à Igreja “coerência, transparência” e ainda “acompanhadores credíveis, com um testemunho credível de fé que estimule” e ajude os jovens “a ter modelos e referências para o seu caminho”.
“Salesiano por vocação e bispo por obediência”, D. Joaquim Mendes recorda que nos contactos, mais ou menos informais que mantém com os jovens, eles pedem uma atitude familiar.
“Os jovens desejam a família, o ambiente familiar. Mesmo agora nos contributos que deram para o sínodo como na reunião pré-sinodal, manifestaram o desejo de uma Igreja que seja casa, família, de proximidade, de comunidade, onde eles têm espaço, voz. Que eles se sintam amados, queridos e integrados, valorizados”.
O presidente da Comissão Episcopal do Laicado e da Família adianta ainda que o inquérito português mostrou que 57% dos jovens portugueses afirmam “professar uma religião” e que 27% dizem “ir à missa todas as semanas e mais frequentemente”.
“Portugal é o segundo país, neste indicador, apenas atrás da Polónia. 36% dos jovens de Portugal dizem que rezam fora da missa todas as semanas ou mais frequentemente”, acrescenta o responsável.
O responsável reconhece uma grande vitalidade juvenil na Igreja em Portugal provocada pelo dinamismo de tantos movimentos e grupos mas afirma a necessidade de uma conversão de quem caminha ao lado dos mais jovens.“Às vezes os animadores dizem: «os meus jovens». Calma ai. Eles têm pai, mãe e contexto. Há um certo protecionismo que não deixa crescer ninguém”, sublinha o bispo que indica a necessidade de integração e de dar espaço.“A constituição dos conselhos pastorais deveriam ter jovens. É preciso abrir espaço”, enfatiza o também bispo auxiliar de Lisboa.
D. Joaquim Mendes adianta que no dia 23 de fevereiro será realizada “uma grande assembleia de jovens”, em Portugal.“Queremos que esta assembleia ajude os jovens a ter esta experiência de igreja e a descobrir o seu papel na sua Igreja, a descobrir o contributo que podem dar para o crescimento do reino e tenham espaço. O caminho é de aproximação e de rede, de interação”.
O Sínodo dos Bispos, que tem início esta quarta-feira, no Vaticano, vai reunir 408 padres sinodais, entre eles D. Joaquim Mendes e D. António Augusto Azevedo, presidentes da Comissão Episcopal Laicado e Família e da Comissão Episcopal Vocações e Ministérios, respetivamente.
Até ao dia 28 de outubro, os participantes vão ajudar o Papa a refletir sobre a realidade dos jovens; após o encerramento da reunião magna, Francisco irá escrever uma exortação apostólica pós-sinodal com o resultado da reflexão propondo linhas orientadoras para a Igreja Católica.

Ecclesia

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