sexta-feira, 10 de maio de 2013

Pastoral da Cultura

Eduardo Lourenço: Concílio Vaticano II fez Igreja «reatar-se com o mundo»
Sou natural de uma província das mais arcaicas do nosso país, pertencente a uma família católica, educado catolicamente, e essa educação em relação a mim próprio é de caráter indelével. Por mais que eu faça, por mais heterodoxo que eu seja (e não o faço para me distinguir do comum dos mortais), estou inscrito em algo que é anterior a qualquer opção de ordem mais refletida, aceite, uma opção – escolha, já com caráter mais sério e mais profundo, uma espécie de conversão. Ora eu não preciso de ser convertido, porque nasci cristão, fui batizado (…). São os homens que têm de invocar Deus e de se lhe dirigir na sua própria língua, na sua própria cultura. E essa foi certamente uma das coisas mais importantes que deixou o Vaticano II.

O Estado não é pessoa de bem
Hoje estamos a amargar e muito uma tristeza de vida em que alguns direitos fundamentais, sobretudo os direitos sociais, se estão afirmados em boa teoria, na prática são desrespeitados e incumpridos. Dá pena que a prática da política não se prestigie a nível de todos os membros da sociedade – quem quiser manter as mãos limpas é porque não tem mãos -, com especiais responsabilidades para a classe governante, a nível dos órgãos de soberania, para os partidos políticos, indispensáveis para a consolidação da democracia, e para a opinião pública e publicada. Cito duas questões graves: perdemos a dignidade e o valor do trabalho, negando-o aos desempregados em números assustadores; deixamos de ser refratários aos impostos, mas não terá valido a pena se, agora, impõem a diminuição das contrapartidas das reformas a que os contribuintes cumpridores têm direito.

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