Neste domingo, a liturgia desafia-nos a meditar em Jesus que Se faz pão para cada um de nós. Em cada Eucaristia, somos convidados a comer o Senhor, isto é, a fazer d’Ele alimento para a nossa vida: Deus que Se faz o nosso Pão de cada dia.
No Evangelho vemos como Jesus tem consigo uma grande multidão e pede a Filipe que lhes dê pão para os alimentar, mas Filipe não sabe «de onde» poderá vir tanto pão para alimentar aquela multidão reunida em torno do Senhor. Na verdade, trata-se de um pão que este discípulo ainda não compreendeu o que é, tal como a mulher samaritana que não tinha compreendido «de onde» poderia vir a água que Jesus lhe estava a oferecer, ou Nicodemos que afirma que não se sabe «de onde» vem o vento, ou ainda o chefe de mesa das bodas em Canaã, que não sabe «de onde» veio aquele vinho bom, o vinho melhor, deixado para o fim. Jesus está a falar de um outro pão, que sacia e dá vida, que se pode comer sem ter dinheiro e sem despesa.
Jesus revela-nos que Pão é este que nos dá a Vida, a Vida realizada, em que se bebe o «vinho bom», em que se recebe o «vento» do Espírito Santo, em que se bebe a «água viva» e que nos permite viver em Amor. É Jesus este Pão, o Filho que Se dá por Amor, aquele cuja carne comemos e cujo sangue bebemos para que a nossa vida seja comunhão, tal como a vida de Deus.
Todos os evangelistas relatam a multiplicação dos pães, cada um sublinhando um pormenor diferente, mas todos interpretam este episódio da vida de Jesus em chave eucarística: o pão que se divide por todos e que nunca se acaba representa o corpo de Jesus que Se oferece por nós. A Eucaristia, fonte e cume da vida cristã, é o modo de vida de Jesus. Foi assim que Ele viveu até ao fim, fazendo de Si mesmo o nosso alimento, dando-Se sem medida.
Nesta passagem há um jogo de palavras com a palavra «pão»: esta palavra tem um significado comum que todos compreendemos imediatamente, mas tem um segundo sentido, um sentido simbólico que precisamos descobrir. Uma das coisas que nos distingue dos animais é a nossa capacidade de ler simbolicamente a realidade. A alimentação, por exemplo, pode ser vista como sendo só para a sobrevivência do indivíduo, mas bem sabemos que é mais do que isso: um almoço de família é bem mais do que a comida que comemos! Não comemos simplesmente para garantir que permanecemos vivos, mas são momentos em que damos vida uns aos outros. Na verdade, àqueles que se isolam e ficam sozinhos, mesmo comendo, a vida escapa-lhes. É assim com a vida e com o amor: aquilo que não partilhamos com os outros, perde-se!
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