quarta-feira, 9 de abril de 2014

A árvore da vida - 3

De igual para igual: é assim desde o princípio
É preciso o treino de toda a vida toda para que os olhos que procuramos sejam os do/a outro/a, não o reflexo dos nossos nas suas pupilas. Só quando se é capaz de encontrar e reconhecer verdadeiramente o outro na sua verdadeira diversidade, é que o seu olhar nos restitui a parte melhor de nós. Não ter alguém que nos olhe assim, que nos reconheça e nos revele a nós mesmos, é uma das formas mais graves de miséria e privação da pessoa, muito frequente onde há grande riqueza e poder: raramente se é aí olhado e amado de igual para igual. É surpreendente como esta descrição do homem-mulher paira imensamente acima do tempo em que foi escrita. Ao seu redor e atrás de si o autor sagrado apenas podia ver uma realidade de submissão e inferioridade da mulher; mas foi de tal modo inspirado que se elevou muito acima do que via e compôs um hino à reciprocidade homem-mulher. Um canto de amor, mas também um juízo crítico sobre o mundo de ontem e de hoje, devido a uma desordem, um desvio, uma decadência.
Pintura: Marc Chagall 

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