O mais comum é agradecer o que nos foi dado. E não nos faltam motivos de
gratidão. Há, é claro, imensas coisas que dependem do nosso esforço e engenho,
coisas que fomos capazes de conquistar ao longo do tempo, contrariando mesmo o
que seria previsível, ou que nos surgiram ao fim de um laborioso e solitário
processo. Mas isso em nada apaga o essencial: as nossas vidas são um recetáculo
do dom. Hoje, porém, dei comigo a pensar também na importância do que não nos
foi dado. E a provocação chegou-me por uma amiga que confidenciou: «Gosto de
agradecer a Deus tudo o que Ele me dá, e é sempre tanto que nem tenho palavras
para descrever. Sinto, contudo, que lhe tenho de agradecer igualmente o que Ele
não me dá, as coisas que seriam boas e que eu não tive, o que até pedi e desejei
muito, mas não encontrei. O facto de não me ter sido dado obrigou-me a descobrir
forças que não sabia que tinha e, de certa maneira, permitiu-se ser eu». Isto é
tão verdadeiro. Mas exige uma transformação radical da nossa atitude interior.
Tornar-se adulto por dentro não é propriamente um parto imediato ou indolor. No
entanto, enquanto não agradecermos a Deus, à vida ou aos outros o que não nos
deram, parece que a nossa prece permanece incompleta. Continuar a
ler…
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domingo, 20 de abril de 2014
Pastoral da Cultura
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