Zac 12, 10-11; 13, 1 / Slm 62 (63), 2-6.8-9 / Gl 3, 26-29 / Lc 9, 18-24
O profeta Zacarias indica que o «espírito de piedade e de súplica» foi concedido aos habitantes de Jerusalém, ao contemplarem alguém que foi trespassado. O apóstolo S. João aplica esta cena a Jesus, que deu a sua vida numa cruz para salvar a humanidade. Sendo uma cena dramática, de extrema crueldade, é também um quadro maravilhoso em que contemplamos Deus a dar a vida por nós.
S. Paulo, escrevendo aos cristãos da Galácia, diz que, pelo batismo, os cristãos fomos «revestidos de Cristo». Ou seja, o hábito ou uniforme que devemos usar como cristãos não se refere a nenhum tipo de vestido exterior, mas a conformarmos a nossa vida pelo estilo de Jesus: trabalhar ou descansar, rezar ou conversar, relacionar-se com todos como Jesus o fez. Um autor afirma que «o dicionário do cristão é Jesus Cristo». Ou seja, em Cristo encontramos a verdadeira explicação de tudo. Qualquer realidade humana deve ser iluminada pelo estilo da vida de Jesus. E mais ainda: seguir a Jesus fraterniza-nos, torna-nos irmãos. Cristo faz-nos ultrapassar as diferenças de classe (escravos e livres), de sexo (homens e mulheres) e de nacionalidade (judeus ou gregos), pois todos passamos a ser «um só em Cristo Jesus». A experiência de vida cristã faz abater os muros de separação e constrói pontes de unidade.
No Evangelho encontramos Jesus a fazer uma sondagem à opinião pública: «Quem dizem as multidões que Eu sou?». Jesus queria saber se as pessoas estavam a compreender a sua pessoa e mensagem, para poder clarificar a verdade da sua missão. Perante a diversidade de opiniões, pergunta aos seus apóstolos, que O conheciam mais de perto: «E vós, quem dizeis que Eu sou?». Pedro, como porta-voz do grupo, respondeu com firmeza: «És o Messias de Deus». Para que ficasse clara a identidade do «Messias», que não era a de um chefe político, capaz de fazer frente ao império romano, Cristo esclareceu que iria ser rejeitado e até morto, mas que ressuscitaria ao terceiro dia. Além disso, os que querem ser seus seguidores têm de assumir a sua cruz, dia após dia. Cristo não nos promete facilidades e triunfos, mas exige que vivamos a dar a vida, em amor e serviço. Neste dar a vida está a nossa plena realização feliz.
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