Passaram quase seis meses do anúncio, na China, de duas dezenas de casos de uma pneumonia de origem desconhecida detetados na cidade chinesa de Wuhan, na província de Hubei. A cronologia dos acontecimentos desde 31 de dezembro está ainda muito presente nos nossos espíritos. Vivemos as notícias de longe, em janeiro e fevereiro. O problema não era ainda nosso e a distância separava. Depois, ao ritmo das viagens de cada um, foi ficando mais perto, até ser mesmo aqui. Não pudemos ir para nenhures nem para Pasárgada. Ficámos aqui. Mas muitos saíram, migraram para a eternidade. Os que partiram fazem-nos ainda uma falta maior: aquela que só se preenche com a palavra saudade. São muitos, são muitas.
Descobrimos um mundo novo dentro de casa e como são fortes os elos que nos unem aos que partilham a nossa vida, as nossas vidas. Olhámos o mundo por um ecrã, seguimos a vida lá fora por uma janela. Compreendemos agora melhor a desigualdade de quem nada tem, nem um ecrã, nem uma casa, nem alguém com quem partilhar laços fortes. Em Itália, em Espanha, no Brasil, irmãos nossos de cultura e sentir, encontrámos realidades tão próximas que podiam ser aqui. Ficámos mais apreensivos porque podia ser aqui. Ficámos voluntariamente em casa porque podia ser aqui. Era aqui.
1 comentário:
Infelizmente ficamos por aqui. Para dar o primeiro. O pequeno passo só com um milagre... No entanto DEUS É GRANDE
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