Dave Dugdale CC |
Redação da Aleteia | Jun 16, 2020
As virtudes são disposições estáveis de praticar o bem, aperfeiçoadas pelo hábito. Elas podem ser humanas ou teologais.As virtudes são disposições estáveis de praticar o bem, que se aperfeiçoam com o hábito. Elas podem ser humanas ou teologais: as virtudes humanas são adquiridas por meio do aprendizado e da prática, ao passo que as virtudes teologias são resultado da presença do Espírito Santo em nós, agindo sobre as nossas faculdades e suprindo as nossas fragilidades.
As 3 virtudes teologais
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“Teologal” se refere àquilo que tem a ver com Deus. As virtudes da Fé, Esperança e Caridade são teologais porque Ele próprio as concede a nós, convidando-nos a praticá-las de modo cada vez mais perfeito.
1 – Fé
A fé teologal nos leva a acreditar no Deus Uno e Trino, que é Pai Criador, Filho Salvador e Espírito Santo Santificador. Somente pela fé podemos conhecer a Verdade do Deus Altíssimo, revelada nas Sagradas Escrituras. É um dom. A fé teologal é muito mais segura do que a fé natural que temos nas pessoas, por exemplo. Pelo dom da fé, cremos na Revelação divina manifestada a nós ao longo da trajetória da criação e da humanidade: pelos Profetas, pelo Filho de Deus que é a Palavra Eterna, pelo testemunho dos Apóstolos, pelo Magistério confiado à Igreja.
2 – Esperança
A esperança teologal é a virtude pela qual desejamos e esperamos solidamente em Deus e em tudo o que Ele tem de maravilhoso para nós, seja nesta terra, seja na eternidade que Ele coloca ao nosso alcance respeitando o nosso livre arbítrio de aceitá-la ou recusá-la. A esperança teologal nos ajuda a enfrentar e vencer os obstáculos, sabendo que Deus é por nós. Maria é um exemplo perfeito de esperança teologal contra toda esperança meramente humana, pois ela manteve a plena e firme certeza de que, apesar dos sofrimentos, dos silêncios, da cruz e da morte, Deus jamais falharia. Ela esperou em Deus e não se viu defraudada.
3 – Caridade ou Amor teologal
A caridade, como virtude teologal, não é a simples beneficência ou filantropia, mas sim a plenitude do amor, por ser participação nossa no Amor de Deus mesmo, que, aliás, é Amor puro. Deus é Amor e nos convida a participar de Si mesmo mediante a virtude teologal da caridade, pela qual O amamos acima de tudo e de todos e amamos ao próximo como a nós mesmos, dispostos inclusive a dar a vida por amor.
As 4 virtudes cardeais
Sharon Mollerus | CC BY 2.0
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1 – Prudência
A prudência é a virtude do saber escolher. Não se trata de escolher entre coisas fúteis: a prudência nos ajuda a escolher os meios adequados para fazer o bem e vencer o mal. Essa escolha crucial precisa ser feita incontáveis vezes ao longo da vida e em meio a todo tipo de circunstâncias. É da prudência que Jesus fala ao nos dizer:
“Eis que vos mando como ovelhas no meio de lobos. Sede, pois, prudentes como a serpente e simples como as pombas” (Mt 10, 16).
Podemos pecar contra a prudência de dois modos:
Por falta: a imprudência pode ser por precipitação, quando agimos sem refletir, ou por descuido, quando até refletimos, mas ainda assim fazemos mal feito.
Por excesso: trata-se da astúcia maliciosa, quando nos precavemos para ocultar um mal que praticamos, geralmente em relação a cuidados desvirtuados com a vida material.
2 – Justiça
É a virtude que nos leva a dar a cada um o que lhe é devido, incluindo a nós mesmos e a Deus. Por justiça, quando compramos algo, pagamos o seu valor; quando tomamos emprestado, assumimos o dever de restituir; quando contraímos uma obrigação, comprometemo-nos a cumpri-la. Quando se peca contra a justiça, o arrependimento e a confissão não bastam: a lesão cometida contra a pessoa que prejudicamos deve ser reparada.
Do ponto de vista religioso, a justiça está essencialmente ligada à santidade, manifestando-se no cumprimento dos mandamentos, na luta para manter a alma unida à Santíssima Trindade mediante a graça santificante e na fidelidade aos deveres do próprio estado: leigo, sacerdotal, matrimonial.
Na ordem das bem-aventuranças, a justiça é seguida da misericórdia, pois o Coração amoroso do Pai nos inspira a não somente dar o que é devido, mas ir além da obrigação e, com esforço cristão, compreender os defeitos de quem nos rodeia, perdoar setenta vezes sete (sempre), auxiliar para que os defeitos sejam superados e, principalmente, amar a todos, inclusive os que se apresentam cheios de defeitos e até aqueles que nos fazem o mal. É o que rezamos no Pai-Nosso: “…Perdoai as nossas ofensas assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”.
3 – Fortaleza
É a virtude que nos dota de segurança em tudo o que fazemos, principalmente nas dificuldades e contrariedades, ajudando-nos a vencer o medo. Ela nos dá suporte e constância na procura do bem, firmando em nós a resolução de resistir às tentações e superar os obstáculos na vida moral (cf. Catecismo da Igreja Católica, 1808).
A força não é virtude apenas dos heróis: ela está em cada escolha feita por nós em nosso dia-a-dia.
Na audiência geral de 15 de novembro de 1978, São João Paulo II nos ensinou:
“Segundo a doutrina de Santo Tomás, a virtude da fortaleza encontra-se no homem que está pronto a afrontar o perigo e a suportar a adversidade por uma causa justa, pela verdade, pela justiça, etc. A virtude da fortaleza requer sempre alguma superação da fraqueza humana e, sobretudo, do medo. O homem, por natureza, teme espontaneamente o perigo, os dissabores e os sofrimentos. É preciso, por isso, procurar os homens corajosos não só nos campos de batalha, mas também nas salas de um hospital ou num leito de dor. Tais homens podiam-se encontrar muitas vezes nos campos de concentração e nos locais de deportação. Eram autênticos heróis”.
4 – Temperança
É a virtude moral que modera a atração pelos prazeres e procura o equilíbrio no uso dos bens criados, conforme bem explica o Catecismo da Igreja Católica (cf. nº 1809). Ela é o “freio da alma”, que nos faz usar com moderação os bens temporais: comida, bebida, sono, diversão, sexo, conforto… A temperança nos ensina que para o uso de cada bem há tempo certo, contexto próprio e quantidade adequada.
Quem possui esta virtude tem domínio da vontade sobre os instintos: seus desejos não ultrapassam os limites da honestidade. É chamada também de “moderação” e “sobriedade”, como em Tt 2, 12, onde São Paulo diz que devemos “viver com moderação, justiça e piedade neste mundo”.
São João Paulo II, durante um encontro com os jovens na Basílica Vaticana, declarou sobre a temperança:
“O homem temperante é aquele que é senhor de si mesmo; aquele em que as paixões não tomam a supremacia sobre a razão, sobre a vontade e sobre o coração. Entendamos, portanto, como a virtude da temperança é indispensável para que o homem seja plenamente homem, para que o jovem seja autenticamente jovem. O triste e aviltante espetáculo de um alcoólico ou de um drogado nos faz compreender claramente que ‘ser homem’ significa, antes de qualquer outra coisa, respeitar a própria dignidade, isto é, deixar-se conduzir pela virtude da temperança. Dominar a si mesmo, as próprias paixões e a sensualidade não significa de maneira nenhuma tornar-se insensível, indiferente; a temperança de que falamos é virtude cristã, que aprendemos com o ensino e o exemplo de Jesus, e não com a chamada moral ‘estoica’”.
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