Da
Quaresma à Páscoa (24): Que amo eu, quando Vos amo?
Que amo eu, quando
Vos amo? Não amo a formosura corporal, nem a glória temporal, nem a claridade da
luz, tão amiga destes meus olhos, nem as doces melodias das canções de todo o
género, nem o suave cheiro das flores, dos perfumes ou dos aromas, nem o maná ou
o mel, nem os membros tão flexíveis aos abraços da carne. Nada disto amo, quando
amo o meu Deus. E contudo, amo uma luz, uma voz, um perfume, um alimento e um
abraço, quando amo o meu Deus, luz, voz, perfume e abraço do homem interior,
onde brilha para a minha alma uma luz que nenhum espaço contém, onde ressoa uma
voz que o tempo não arrebata, onde se exala um perfume que o vento não esparge,
onde se saboreia uma comida que a sofreguidão não diminui, onde se sente um
contacto que a saciedade não desfaz. Eis o que amo, quando amo o meu Deus.
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