O modo de olhar o mundo quase só pela
negativa (pela desgraça que acontece, pela facada e pelo sangue, pelo roubo
espetacular e pelo assalto violento, pela bomba que explodiu), que todos os dias
preenche os telejornais e alguns jornais, corrompe a visão do mundo e marca
violentamente um modo sombrio de estar no mundo, descrente da vida e das pessoas
(o síndrome do “mal do mundo” de que hoje se fala ou a “psicologia do túmulo” (A
alegria do Evangelho, nº 83) que nos faz uns “desencantados com cara de vinagre”
(nº 84)), como diz tão assertivamente o Papa Francisco. E isso inscreve
realmente no nosso exíguo espaço público um olhar negativo profundamente criador
de significados e sentidos que nada interessam à vida, à solidariedade e ao bem
comum.
Porquê apresentar a vida como um ato de combate, em vez de um ato de amor?
A
meditação fortalece a necessária desconfiança no mundo exterior e a
incompreensível confiança no nosso verdadeiro mundo, que costumamos desconhecer.
Quando meditamos, as nossas feições suavizam-se e a nossa expressão
transfigura-se. Continuamos aqui, nesta terra, mas é como se já nem lhe
pertencêssemos. Moramos noutro país, pouco frequentado, e atravessamos os campos
de batalha sem ser feridos. Embora as flechas se cravem em nós e as balas
penetrem nas nossas carnes, essas balas não nos derrubam nem essas flechas fazem
com que brote sangue… Saímos desses campos de batalha crivados, mas vivos;
caminhando e sorrindo porque não sucumbimos e demonstrámos a nossa eternidade.
Meditamos para sermos mais fortes do que a morte.
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