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A Igreja celebra em 25 de março, conjuntamente, a Anunciação do Arcanjo Gabriel a Maria e, por conseguinte, também o mistério da Encarnação do Verbo de Deus, já que ambos os episódios da história da Salvação estão intimamente entrelaçados.
Anunciação
A Anunciação do Senhor se refere ao anúncio trazido à Santíssima Virgem Maria pelo Arcanjo São Gabriel: ela conceberia e daria à luz por obra do Espírito Santo. Graças à livre aceitação do plano de Deus pela Virgem Santíssima, Jesus poderia nascer: no momento em que Maria disse SIM a Deus, “o Verbo se fez carne”!
Encarnação
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Uma vez que Maria aceita ser a Mãe do Filho de Deus, “faz-se nela segundo a palavra do anjo”: o Verbo de Deus se faz carne e vem habitar entre nós.
No início do Evangelho de São João, Jesus é chamado de “Verbo”: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Verbo, do latim Verbum, significa Palavra: a Palavra Viva de Deus, o próprio Deus, a Segunda Pessoa da Santíssima Trindade. E o Verbo se faz carne, isto é, assume a natureza humana, se encarna, vem habitar entre nós como um de nós: verdadeiro Deus e verdadeiro homem.
É importante observar que Jesus assume a natureza humana inteira, em corpo e alma: quando Jesus se torna humano, Ele não deixa de ser Deus, mas também não se torna só “aparentemente” humano: Ele vai nascer, chorar, precisar de cuidados da mãe Maria e do pai adotivo José, dos avós Ana e Joaquim… Ele vai crescer, aprender, trabalhar, sofrer, experimentar a fome, o cansaço, o medo, a angústia, a tentação, a dor física. Sem deixar de ser Deus, Jesus é plenamente homem – porque, para a redenção, era preciso que um homem carregasse o peso dos pecados de todos os homens, e só era possível que Deus mesmo fosse esse homem.
A Encarnação do Verbo é, portanto, o profundíssimo mistério cristão daquele dia supremo em que a Virgem concebeu e gestou Aquele que a gerou, tornando-se Mãe daquele que a criou; Ele, que, como explica São Paulo, mesmo “sendo de condição divina, não se prevaleceu de sua igualdade com Deus, mas aniquilou-se a si mesmo, assumindo a condição de escravo e tornando-se igual aos homens” (Fl 2,6-7). É este movimento divino de encarnar-se, denominado “kenose” pela teologia, o imenso e imponderável mistério que celebramos toda vez que rezamos o Ângelus ou o Creio.
Encarnação e Paixão
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No Ano da Misericórdia de 2016, aconteceu um fato extraordinário: a data da Encarnação do Filho de Deus coincidiu, excepcionalmente, com a data da Sua Paixão e Morte: a Sexta-Feira Santa.
Esta reflexão é de profundidade insondável: o mistério da vida e o mistério da morte unidos ainda mais explicitamente numa data em que, ao mesmo tempo, celebramos o Deus que se faz bebê no ventre da Virgem Maria e que “se faz pecado”, na expressão das Escrituras, embora nunca tenha pecado, para nos remir dos nossos próprios pecados morrendo na cruz.
E isto é assombroso: foi precisamente para nos redimir, morrendo e ressuscitando, que Ele Se faz carne. Verdadeiro Deus e verdadeiro homem, Ele se fez conceber e viver na carne até a morte do corpo, insondáveis mistérios de fé que providencialmente se reuniram no último Ano Santo da Misericórdia, mas que são inseparáveis sempre: são indissociáveis, afinal, o início e a consumação da nossa redenção! Aquela coincidência de datas acontece em raros intervalos de tempo, mas o seu significado é fonte permanente e inesgotável de meditação, gratidão e conversão.
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