Avançando silenciosamente para essas esculturas –
porque é o silêncio que logo nos impõem -, deparamos com o tampo invertido da
mesa superior e percebemos com surpresa que é atravessado, aqui e ali, por ervas
verdes. A morte é fecunda. (Mas a vida é frágil. Essas ervas têm de ser cuidadas
regularmente, não podem ser negligenciadas. Também elas secarão e outras
nascerão…). Uma oração muda. Um memorial aos injustamente condenados, aos sem
voz, para que não sejam esquecidos. Uma forma silenciosa, mas pregnante, de
luto. Manifestação do poder ético da estética. Na deambulação por entre esta
instalação, como não ser implicado e afetado pela violência serena da imagem e a
consequente reflexão sobre a finitude, a fragilidade, a nossa própria
vulnerabilidade? Mas como não nos alegrarmos também com a surpresa pascal da
força renascente da vida?
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