Quaresma, sexta-feira da
semana IV: arte contemporânea | VÍDEO
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Numa sociedade pragmática e preocupada com a produtividade,
este trabalho inútil é um contrasenso. Para quê? O lema habitual é «mínimo
esforço, máximo resultado». Isso é mais razoável. Mas o que move esta montanha
não é a racionalidade nem a sensatez, mas a fé. Um acreditar ser possível
contrariar a gravidade que nos empurra para baixo em direção ao visível,
utilitário, rasteiro… E o que este esforço forma, aquilo a que dá origem, não é
exterior ao próprio esforço. Improdutivos! – acusarão alguns. Mas nesse gesto
inútil – gesto artístico autêntico -, estes voluntários deslocam o horizonte do
mundo: substituem o utilitarismo pragmatista e egocêntrico pelo poder do comum.
Apresentam o serviço como verdadeiro poder: agir «em prol de» é que nos
humaniza.
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