Is 42, 1-4.6-7 / Slm 28 (29), 1a.2.3ac-4.3b.9b-10 / At 10, 34-38 / Mt 3, 13-17
Celebramos hoje o batismo de Jesus. Aquele que é o «Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo» quis ser batizado por João, dando-nos o exemplo. No batismo de Jesus, recordamos o nosso batismo como uma realidade de fé atual, não apenas como um acontecimento do passado.
Os primeiros cristãos logo reconheceram, no servo de que nos fala Isaías, o próprio Jesus, que não Se apresentou com pompa e circunstância, como um grande senhor deste mundo, mas com humilde simplicidade. Jesus, que nos revelou a pedagogia de Deus, com o seu próprio exemplo, não grita nem levanta a voz, mas exorta com a suavidade de quem ama. Aproveita tudo o que em nós é sinal de bondade e é recuperável. Por isso «não quebrará a cana fendida, nem apagará a torcida que ainda fumega». E mantém sempre a esperança na nossa conversão e melhoria. Assim «não desfalecerá nem desistirá», pois quem ama mantém sempre viva a confiança. É esta a pedagogia do Servo do Senhor que devemos usar para com todos. Assim provaremos que somos batizados em Jesus Cristo, animando e servindo.
S. Lucas, nos Atos dos Apóstolos, resume a vida de Jesus afirmando: «passou fazendo o bem e curando a todos». E sublinha que «Deus não faz aceção de pessoas». Por isso, todos são bem-vindos à Igreja de Cristo, não apenas os judeus, e a todos se deve poder conceder o batismo. Ser seguidor de Jesus Cristo deve criar em nós abertura do coração para acolher a todos e praticar a virtude da inclusividade. Só na abertura do coração a todos, somos verdadeiramente cristãos.
No evangelho encontramos João Batista, no rio Jordão, a batizar quem aceitava esse ritual que simbolizava a purificação da alma. Ainda hoje é este o gesto central do batismo cristão. Lavar o coração, como gesto de conversão a uma vida nova em Cristo.
Com compreensíveis razões, João não quer administrar o batismo a Jesus, reclamando que ele é que precisava de ser batizado por Jesus. Jesus insiste em ser batizado, como que reclamando não ter um estatuto especial e sublinhando a sua fraternidade connosco. A humildade de Jesus é um desafio às nossas tentações de arrogância e complexo de superioridade. Ser batizado, ser de Cristo fraterniza-nos, é laço essencial de unidade.
Logo que Jesus foi batizado, «o céu abriu-se». O evangelista não nos dá uma informação meteorológica. É uma afirmação de que, em Jesus Cristo, o Céu se une à terra e as portas do Céu estão abertas para nos acolher.
«Jesus viu descer o Espírito de Deus como uma pomba». Imagem que indica a ternura de Deus que, longe de Se manifestar por raios e trovões, águas de dilúvio ou fogo abrasador, Se revela como pomba de paz e concórdia.
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