quinta-feira, 14 de janeiro de 2016

Diplomacia: Núncio denuncia perseguições, terrorismo e «escândalos bancários»

Cumprimentos de Ano Novo ao presidente da República Portuguesa

Queluz, Lisboa, 13 jan 2016 (Ecclesia) – O núncio apostólico (embaixador da Santa Sé) em Portugal denunciou hoje as perseguições “sistemáticas” de minorias étnicas ou religiosas a que se somam as ameaças terroristas.

“Em várias partes assiste-se, distraídos ou indiferentes, a perseguições sistemáticas de minorias étnicas ou religiosas, ou reage-se, horrorizados mas praticamente impotentes, a uma guerra fantasma, alimentada por uma ideologia extremista que, fazendo do terrorismo a sua arma, ataca de surpresa, em qualquer lugar”, disse D. Rino Passigato, na cerimónia de apresentação de cumprimentos de Ano Novo pelo Corpo Diplomático acreditado em Portugal ao presidente da República, no Palácio Nacional de Queluz.

No último encontro do género com Aníbal Cavaco Silva, o representante diplomático da Santa Sé falou num panorama mundial “muito complexo” que chega a ser “dramático”.
“Em diferentes regiões do planeta perpetuam-se cenários de guerras que, causando no terreno destruição, horror e morte, provocam êxodos de proporções bíblicas de pessoas de todas as idades e condições sociais”, precisou.

D. Rino Passigato aludiu depois à crise económica e financeira “sem fim” que afeta a Europa, agravada por “inquietantes escândalos bancários”.

Esta crise, lamentou, “continua a impor sacrifícios gravosos aos cidadãos, castigando as famílias e roubando às novas gerações a esperança de um futuro digno e seguro”.

O responsável evocou várias das preocupações que têm marcado os discursos do Papa Francisco em relação a fenómenos como o tráfico de seres humanos, o tráfico de drogas e de armas.

Em relação às questões ecológicas, o núncio apostólico elogiou o impacto obtido pela encíclica Laudato si’ e a “resposta de esperança no acordo histórico” alcançado na Cimeira do Clima em Paris, para limitar o aumento da temperatura global.

D. Rino Passigato, decano do Corpo Diplomático em Portugal, saudou depois Cavaco Silva, que se aproxima do final de um segundo mandato como presidente da República Portuguesa, agradecendo-lhe pela atenção que dedicou aos vários embaixadores.

“Sorte, muito boa sorte, é o que lhe desejamos para o tempo que ainda lhe resta no cumprimento do seu segundo mandato ao serviço do país e venturosos dias e anos pelo tempo de vida que a Providência lhe concederá uma vez concluída a honrosa, mas também onerosa, missão de supremo magistrado da República Portuguesa”, acrescentou.
Os agradecimentos estenderam-se à primeira-dama, Maria Cavaco Silva, a que o núncio se referiu como “extraordinária mulher”.

Aníbal Cavaco Silva agradeceu estas palavras, antes de proferir um discurso em que lembrou os vários atentados terroristas de 2015, que visaram valores “muito caros” dos europeus, bem como o “afluxo massivo” de refugiados e migrantes ao Velho Continente, que exige medidas concretas.

OC

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