sábado, 19 de julho de 2014

15º domingo comum – Ano A

Evangelho - Mt 13,1-23

Comentário breve
A liturgia da Palavra deste domingo, mais uma vez, não está nada de feição para os tempos que correm: tudo vale e nada vale. Sobretudo, vive-se uma crise da palavra, não pelo seu significado, mas pela forma rápida como o seu conteúdo é esvaziado em gesto e atitudes absolutamente contraditórias com o sentido mais original.
Pois é neste contexto que a Palavra de Deus nos questiona acerca do seu lugar na vida de cada um de nós e, por consequência, questiona o valor da nossa própria palavra que se torna vida na coerência dos nossos gestos.
A sobejamente conhecida parábola da semente e do semeador encerra em si uma expressão que nos obriga a prestar-lhe redobrada atenção: "Quem tem ouvidos, oiça".
Mas, a que devemos prestar atenção? Ao semeador, à semente, ao terreno? Uma grande maioria das reflexões acerca deste trecho do Evangelho tem estado centrada nos diferentes tipos de terreno, como símbolo da nossa atitude de acolhimento da Palavra.
Contudo, pela forma como começa a parábola, "Saiu o semeador a semear", e pela forma como é feita a sementeira, temos que dirigir o nosso olhar para esse protagonista.
O semeador, dito ao nosso jeito, é um mãos largas. Semeia com abundância. Tanta abundância que, mesmo aqueles terrenos que nos parecem de todo inapropriados para tal, também recebem sementes.
Não é difícil identificarmos o semeador. Todos O vêem sair todas as manhãs a semear a Palavra do Reino. Uma sementeira feita entre gente humilde que acolhe, mas também entre os fariseus e escribas que o rejeitam, sem desalento porque a Sua semente não será estéril.
Atingidos por esta crise de valores, nomeadamente religiosos, poderemos ser tentados a achar que o Evangelho perdeu força, que a mensagem de Jesus não tem garra para atrair a atenção do Homem moderno.
Não foi o Evangelho que perdeu força, o nosso anúncio é que é feito com uma fé débil e vacilante. Não foi Jesus que perdeu poder de atracção, nós é que o desvirtuamos com as nossas contradições.
Precisamos, urgentemente, de apreender a semear abundantemente, sem desencorajamentos, mas com mais verdade e humildade.
Se não vivermos, como diz o Papa Francisco, uma forte adesão à pessoa de Jesus, rapidamente perdemos o entusiasmo e deixamos de estar seguros do que transmitimos, por falta de força e de paixão. E uma pessoa, prossegue o Papa, que não está convencida, entusiasmada, segura, enamorada, não convence ninguém
Por isso, escutar leva a tornar presente na sociedade e no coração das pessoas a força humanizadora e salvadora de Jesus.
Quem é que nós contagiamos?

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